terça-feira, 12 de dezembro de 2017

MOTIVOS

Na quinta passada, postamos aqui um vídeo sobre "O casarão da Rua do Rosário". Hoje Menalton conta como surgiu o romance.

O CASARÃO DA RUA DO ROSÁRIO

Um amigo meu, professor da UNESP de Araraquara, falando de sua família, o modo como cresceu, os valores em que foi acreditando, as relações entre os membros da família, foi quem me sugeriu, sem saber, a história registrada em "O casarão da Rua do Rosário".

Era uma história, a que ele me contou, de pessoas antigas, extremamente conservadoras e decadentes. O modo como era tratado pelo bando de tias solteironas, isso foi o que mais marcou.

Tempos mais tarde, a história dele já diluída na memória e restando apenas alguns significados, umas raras cenas, a sugestão de um romance começou a tomar corpo. Fui fixando seus parentes, inclusive com nomes e algumas características.

Como era uma história de gente antiga e conservadora, pensei que caberia tentar, pela primeira vez, um romance de largo espectro histórico, e resolvi que o início se daria na época da Segunda Guerra Mundial vindo acabar depois do movimento diretas já, passando pela ditadura de 1964. Mas a
narrativa, por razões técnicas, foi concebida numa construção alinear, tendo a memória de uma das personagens, que vai ser o narrador em primeira pessoa, mas que narra inclusive cenas de que não participa sem uma ponte para o conhecimento, tendo tal memória como fio condutor das ações.

Uma cena antiga, várias vezes aflorando minha vontade de descrevê-la, acabou sendo aproveitada no romance. Não como a imaginava e imagino até hoje, mas com o mesmo sentido. É o estudante à mesa de seu quarto, com a janela aberta, vendo por cima das copas de algumas laranjeiras, um edifício nascendo tão perto de sua casa que até as vozes dos trabalhadores ele ouve. Foi daí que nasceu a ideia do casarão sendo aos poucos cercado pela cidade crescente. O antigo sendo engolido pelo novo.

O romance foi taxado de maniqueísta. Um resenhista descobriu que demonizei os militares e exaltei seus opositores. Sim, foi o que pretendi fazer, pois as histórias que conheci e mais as que vivi, todas me indicavam que os desmandos (diabólicos) foram praticados pelos usurpadores do poder e seus comandados. Apenas relatei fatos da minha experiência pessoal.

Em 2012, a Bertrand Brasil publicou o romance.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças